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Porto Velho,21/02/2025

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CLÁUDIO LOPES NEGREIROS

Tá bom... que é sobre educação.


Tá bom... que é sobre educação.

Há coisas na vida que são efêmeras, né? Em tempos de Era digital então nem se fala. A condição volátil de praticamente tudo se tornou regra. Fama, notoriedade e até valores e convicções, esvaem-se como fumaça dum vape de adolescente que fuma para transgredir sabe-se lá o quê, que só faz sentido para as vozes da cabeça dele.

Lembra do ex-famoso meme “e os banheiros d@s não-binaries”? Era usado pra todo assunto nada a ver. O sujeito queria mudar de conversa e fazer uma graça simultaneamente e mandava essa pérola, gerando risos e provocando a mudança do rumo da prosa.

Em oposição a tais coisas passageiras, há aquelas que não mudam ou não deixam de existir nunca, né? E geralmente são coisas ruins, exemplo o oportunismo, cujo sufixo ismo, sugere a negatividade, logo, oportunismo, difere de prospecção ou busca de oportunidade. Agora deixa eu juntar essas duas coisas numa crítica de opinião.

Nessas últimas duas semanas têm pipocado nos jornais de todas as matizes, a ocupação indígena na Secretaria de Educação do Estado do Pará. Os representantes dos povos originários naquele estado, ocuparam a repartição pública para protestar contra uma Lei estadual que cria uma política pública para a educação indígena, segundo o Governo Estadual, trata-se de um avanço nunca jamais visto neste país.

Os indígenas por sua vez, alegam que a tal lei 10.820/24 – que altera o sistema modular de ensino -  SIME – implica na adoção de aulas remotas nas localidades mais distantes das áreas urbanas, em detrimento de aulas presenciais, o que resultaria em perda da qualidade do ensino. O governador do Estado, Hélder Barbalho, nega tal adoção e garante, não só aulas presencias, como também realização de concurso público para professores que atuarão no atendimento a demanda, com 80% a mais nos vencimentos.

Vamo associar essas informações ao tal do oportunismo, veja bem. Meio mundo tá sabendo que o Pará sediará a COP 30 este ano, para discutir clima, buraco na camada de ozônio, efeito estufa, aquecimento global, emissão de carbono, mudanças climáticas e outros tantos conceitos quanto se possam criar para falar da necessidade de evitar o cataclismo global, produto do consumo desmedido. Logo, os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil, logo, o Brasil num quer fazer feio e tá derramando dinheiro no Pará – só Itaipu mandou R$ 1,3 bi - , pra deixar tudo bonitinho pra inglês ver. Logo, em sabendo que há dinheiro a rodo, todo mundo quer um favorecimentozinho maroto, tudo dentro do normal. Nesse sentido, não é de se admirar que a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), esteja querendo melhorar as condições de vida dos povos originários no Pará, liderando a ocupação da Secretaria de Educação por lá, como também não é surpresa, que os professores estaduais naquele Estado estejam com indicativo de greve, tudo dentro do previsto.

Com sua licença, amigo leitor, vou rasgar o verbo. Melhoria na Educação nunca foi meta a se levar a termo no país, só pra dar dois exemplos recentes, lembre-se que o governo passado caiu na esparrela do kit gay e mamadeira de piroca, permitiu-se discutir acesso a banheiro por gênero – o que deu origem ao meme a que me refiro no início do texto – descuidando da armadilha de enganar trouxa em que caíra, ou seja, nada se avançou na discussão educacional.

Por sua vez o governo atual, com a conversa fiada de redistribuição de renda, lança mão do bolsa propina, para, segundo suas alegações, evitar evasão no ensino médio e fomentar o interesse por cursos de licenciatura, ou seja, nada de estrutural em matéria de reformulação da educação, só que neste caso, com ares de bondade humanista.

Pense comigo, leitor amigo, independente da alternância de poder de grupos políticos mandatários, o que muda é só a mão que segura a chibata, seja com discurso atual de atenção aos mais pobres ou com o discurso anterior de manutenção de valores morais, nunca se permitem eles, admitirem o real problema – que vai desde a estrutura básica até reformulação do currículo – e apresentarem soluções sem interesse de retorno político e financeiro.

Enquanto EUA e China se engalfinham na disputa tecnológica para saber quem tem os melhores chips para Inteligência artificial, enquanto Singapura se encaminha para se destacar mais uma vez em primeiro lugar no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), os mandachuva da Educação no Brasil, entendem que fundamental mesmo é insistir no que há de mais troncho nas, já cansadas, políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão – DEI, debatendo gênero neutro e quantos banheiros serão necessários para que todes se sintam representados.

Mas, não vamos nos preocupar, até porque, tirando o motorista e o cobrador, tudo é passageiro, efêmero e volátil, mês que vem nem nos lembraremos mais que povos originários têm direito a educação pública, gratuita e de qualidade, que a carreira do magistério não é atraente e que tem gente oportunista de dando bem com tudo isso.



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