Bolsonaro afirma ter quórum para aprovar anistia a golpistas do 8 de Janeiro durante almoço com senadores de Rondônia
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Em um movimento político de grande repercussão, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou durante um almoço com senadores aliados nesta terça-feira (18/02) que já possui quórum suficiente na Câmara dos Deputados para aprovar a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O encontro ocorreu no Congresso Nacional e teve a presença dos senadores de Rondônia, Jaime Bagattoli (PL-RO) e Marcos Rogério (PL-RO), ambos aliados históricos de Bolsonaro.
A reunião acontece às vésperas da possibilidade de uma denúncia formal contra Bolsonaro pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob acusação de tentativa de golpe de Estado. No almoço, além da anistia, os parlamentares discutiram estratégias para fortalecer a oposição ao governo Lula e reorganizar o campo político conservador.
Anistia aos golpistas: apoio garantido?
O ex-presidente também ressaltou que tem mantido diálogo com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), buscando avançar a pauta no Congresso. No entanto, ele reconheceu que, até o momento, não houve um compromisso dos líderes para colocar a matéria em votação.
Senadores de Rondônia na base bolsonarista
Jaime Bagattoli e Marcos Rogério, que participaram do encontro, estão entre os principais nomes da base bolsonarista no Senado. Ambos defendem a anistia, sob o argumento de que muitos dos condenados foram supostamente "perseguidos políticos" e "patriotas que apenas se manifestaram".
"Não podemos permitir que pessoas sejam presas injustamente. O que houve foi um movimento espontâneo de brasileiros indignados", declarou Marcos Rogério.
Jaime Bagattoli, por sua vez, reforçou a necessidade de a direita se unir para "corrigir" o que chamou de "excessos" do STF e garantir a liberdade de expressão. "O Brasil precisa de justiça, não de perseguição", pontuou.
Mudança na Lei da Ficha Limpa também em pauta
Além da anistia, parlamentares aliados a Bolsonaro também articulam mudanças na Lei da Ficha Limpa, visando reduzir o tempo de inelegibilidade de políticos condenados por abuso de poder econômico ou político. Caso a proposta avance, Bolsonaro poderia reverter sua situação de inelegibilidade antes das eleições presidenciais de 2026.
"Anistia é uma coisa, Lei da Ficha Limpa é outra", declarou Bolsonaro, ao ser questionado sobre a possível ligação entre a mudança na legislação e seu próprio caso. "Minha prioridade agora é a anistia."
Críticas e resistência à anistia
A ideia de perdoar os envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro enfrenta resistência do governo e de entidades da sociedade civil. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a proposta pode ser inconstitucional e ser alvo de questionamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Líderes de oito centrais sindicais também lançaram uma carta manifestando rejeição à anistia e pedindo que os responsáveis sejam punidos. "Defender a democracia é uma causa de todo o povo brasileiro", diz um trecho do documento.
Pesquisas recentes divergem sobre o apoio popular à medida. Enquanto um levantamento da AtlasIntel aponta que 51% da população é favorável ao perdão dos envolvidos, um estudo do Datafolha de dezembro de 2024 indicou que 62% dos brasileiros são contra a anistia.
Estratégia política para 2026
Nos bastidores, a movimentação política em torno da anistia e da Lei da Ficha Limpa é vista como parte de um plano para manter a base bolsonarista mobilizada para as eleições de 2026.
Enquanto Bolsonaro busca apoio no Congresso para emplacar suas pautas, seus aliados no Senado e na Câmara se preparam para fortalecer suas posições e consolidar uma possível candidatura bolsonarista no próximo pleito presidencial.
Resta saber se a pressão exercida por Bolsonaro e seus aliados será suficiente para levar a anistia ao plenário e garantir sua aprovação. O jogo político segue em andamento e promete novos desdobramentos nos próximos dias.
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